A última ceia é
exposta nos evangelhos como uma refeição pascal. O evangelho de João (Jo 18:28
e 19:14) apresenta o fato de que a refeição foi tomada antes da celebração, e
Jesus foi crucificado ainda naquele mesmo dia (lembrando que, para os judeus, o
dia começava às 18:00 horas). Essa pequena deslocação cronológica não interfere
em nada a associação da Última Ceia com a Páscoa. Talvez o Senhor Jesus tenha
antecipado a refeição por algumas poucas horas. Nesse caso, o evangelho de João
está correto em relação à cronologia apresentada.
O ensino do
Apóstolo Paulo com relação à Última Ceia (1 Coríntios 11:23-26) faz com que a
mesma seja um memorial tanto da morte libertadora de Cristo quanto da expiação.
Ambos os elementos faziam parte da Páscoa do Antigo Testamento, segundo já
vimos. Paulo não menciona, especificamente, a Páscoa naquela seção, embora ele
o faça em 1 Coríntios 5:7. Tanto o Apóstolo Paulo, quanto os primeiros líderes
da igreja primitiva, aceitam o conceito da Páscoa Cristã no sacrifício de
Cristo.
Uma coisa bem
interessante é que a palavra hebraica para Páscoa, Pasah, é tão parecida com a palavra grega para sofre: Páscho, que alguns cristãos
antigos fizeram a ligação entre elas, embora não haja qualquer conexão
histórica entre esses termos. Cristo sofreu e ele é a nossa Páscoa, um jogo de
palavras que se torna uma grande verdade.
A Ceia do
Senhor é um memorial que deve ser mantido vivo, até que o Senhor retorne. Essa
é a ênfase do Apóstolo Paulo, que não se vê nos evangelhos de Mateus, Marcos e
João, embora apareça em Lucas 22:19. Provavelmente, esse elemento foi uma adição
cristã às declarações feitas por Jesus, embora sugerida pelo que ele havia
dito, se é que Ele mesmo não ensinou assim. Por outro lado, é possível que
Mateus e Marcos tenham omitido uma afirmação genuína de Jesus, e que Paulo e
Lucas preservaram. O que é certo é que Jesus reinterpretou a Páscoa em concordância
com as suas próprias experiências. A Páscoa, pois, foi encarada pela Igreja
cristã como uma daquelas muitas coisas que receberam cumprimento e adquiriu maior
significação na pessoa de Cristo, algo tão importante que não foi deixado de lado
no Novo Testamento, justamente por ser tão importante como a Páscoa no Antigo
Testamento que deu origem a um novo tempo na nação de Israel.
No amor do Senhor Jesus